Mundial de Clubes que quer unir o planeta começa em meio a tensão com imigrantes
Primeira edição do torneio conta com quase mil atletas de 81 nacionalidades

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LOS ANGELES (EUA) - O Mundial de Clubes começa neste sábado (14) em meio a um paradoxo. Enquanto a entidade máxima do futebol organiza pela 1ª vez um torneio de clubes de nível mundial, reunindo quase mil atletas de 81 nacionalidades diferentes, o país anfitrião vive dias de tensão envolvendo questões imigratórias.
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A semana que antecedeu a abertura do Mundial de Clubes, que colocará frente a frente o egípcio Al-Ahly e o norte-americano Inter Miami, de Lionel Messi, na Flórida, foi marcada por tumultos em Los Angeles, uma das sedes desta Copa — o Botafogo, por exemplo, jogará duas vezes no Rose Bowl.
A prefeita da cidade, Karen Bass, implantou um toque de recolher em Los Angeles na terça-feira. Quem estava pela região recebeu alertas diários no celular sobre a proibição de circular pelo centro entre às 20h e às 6h da manhã, sob risco de detenção.
Isso levou a uma queda acentuada no faturamento de bares, restaurantes, hotéis e casas de show. De acordo com o jornal “Los Angeles Times”, na quarta-feira, o Center Theatre Group cancelou a segunda noite da adaptação de estreia mundial de “Hamlet”, cuja bilheteria é estimada em US$ 35 mil dólares (R$ 195 mil, na cotação atual) por sessão.

As manifestações prometem se espalhar neste sábado (14) — dia em que o presidente Donald Trump completa 79 anos de vida — por dezenas de cidades dos Estados Unidos. É provável, inclusive, que protestos aconteçam em Miami, sede da abertura do Mundial de Clubes. As estimativas apontam que metade da população local é composta por imigrantes.
Ao menos na Califórnia, a população, seja de nativos ou não-nativos dos Estados Unidos, parece estar ao lado dos imigrantes. Armando, um norte-americano aposentado que decidiu virar motorista de aplicativo “porque não aguentava mais ficar em casa sem fazer nada”, criticou as ações do governo.
— Tenho um grande amigo argentino, é uma das melhores pessoas que conheci na vida — contou, para exemplificar de maneira simples como é possível conviver com pessoas de qualquer nacionalidades. O aposentado também ressaltou que não é nem republicano, nem democrata. E, mesmo afirmando minutos antes que apenas entendia o idioma espanhol, fez um esforço para dizer à reportagem do Lance! o que pensava sobre governos:
— São todos, como é… hipócritas!
Protestos, muitas vezes violentos, em meio a grandes competições esportivas não são incomuns. O próprio Brasil teve os seus, com as jornadas de junho de 2013 acontecendo às vésperas da Copa das Confederações daquele ano, e as manifestações do “Não vai ter Copa” no ano seguinte. Na ocasião, chegou a haver tumulto no Rio no dia da final entre Alemanha e Argentina.
Mundial de Clubes é assunto desconhecido em Los Angeles
O clima de tensão entre imigrantes e agentes federais é recorrente em Los Angeles. No subúrbio, a garçonete de um restaurante bastante frequentado por não-nativos distribui cartões aos clientes cujo texto explica como se portar caso eles sejam abordados por oficiais de imigração. Há informações em espanhol de um lado e em inglês do outro.

O Mundial de Clubes na cidade que tem o icônico Rose Bowl, por sua vez, é assunto ignorado pela população. Não se veem anúncios alusivos ao torneio da Fifa em nenhum lugar, a competição está longe de ganhar qualquer destaque nos canais esportivos, e mesmo imigrantes de países reconhecidamente amantes do futebol, como o México, desconhecem a competição.
Os tumultos podem agravar ainda mais a perspectiva de que os estádios do Mundial de Clubes tenham grandes vazios nas arquibancadas. Ainda é possível encontrar ingressos nas plataformas de vendas para praticamente todos os setores, algo impensável quando o assunto é Copa do Mundo de seleções.
Para piorar, na semana ada a autoridade de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) publicou nas redes sociais que seus agentes estariam presentes nos estádios do Mundial “vestidos e prontos para fornecer segurança para a primeira rodada de jogos”, o que causou o temor de que torcedores de outros países pudessem ser abordados nas arenas.
A publicação foi removida. Segundo o “New York Times”, a Fifa procurou as autoridades norte-americanas para expressar sua preocupação com a medida. A entidade não comentou o caso.
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